quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

TERCEIRA EPÍSTOLA PARA GLAUBER ROCHA

Por Aninha Franco
Nós não queremos ser baianos ou brasileiros. Não queremos ser os invadidos e dizimados de 1500. Não queremos ser os negros escravizados depois do extermínio dos invadidos. E não queremos ser o invasor português.

Não somos ninguém apesar de sermos todos eles, porque o amálgama dessas raças se fez nossos genes, mas não nas nossas consciências. Fomos educados para considerar ‘primitivos’ os orixás que as mulheres negras que nos formataram nas camas dos invasores mentalizaram, mas não conseguimos resistir ao som dos atabaques!

Nós, os mulatos bem nascidos da cidade da Bahia queremos ser brancos de qualquer maneira. Somos educados, ainda hoje, para o destino greco-romano que não nos emociona. Mas nos apetece. As elites que tentam nos educar nos ensinam sobre a Revolução Francesa, nada sobre a Conspiração dos Alfaiates.

E como é difícil ser baiano. Todo e qualquer nordestino que migra para o sul fugindo da seca. Autor da “baianada”, “coisa sem jeito”, “ não cumprimento de um trato”, “falta de lealdade ou de palavra, sujeira ou patifaria”.

Resta-nos o carnaval, quando a cidade “da Baía”, a velha Pindorama, se transforma no balneário de portas abertas a quem queira folgar e desfrutar da nossa incontrolável “alegria”.

Um comentário:

Anônimo disse...

lindo texto essa da Aninha! Amei. Porque as minhas indagações passam por aí também.