quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sociedade e tecnologia

A complexa relação entre técnica e sociedade, pode ser analisada através de três correntes de pensamento distintas. A primeira, avalia as conseqüências da técnica sobre a sociedade, ou seja, a técnica autônoma e externas as relações sociais. A segunda, a neutralidade e a benevolência da técnica, quer dizer, a técnica como salvadora da nação e fomentadora do progresso, através da satisfação de necessidades e auxiliando na resolução de problemas. A terceira, por sua vez, contrapõe o uso do termo “impacto”, pois considera a técnica no contexto da própria sociedade.
Os defensores da tese do impacto da técnica sobre a sociedade, argumentam que para toda ação há uma reação, e, as inovações tecnológicas interferem direta ou indiretamente no sistema social. Ressaltando o desenvolvimento desenfreado possibilitado através do uso dela, a dominação e possível destruição do ambiente natural, etc. Entretanto, perde de vista que esse conflito de interesse é construído e emerge das relações sociais, e não das tecnologias.

A segunda, a técnica como fomentadora do progresso e da satisfação dos seres humanos enfatiza o uso da tecnologia como promotora da qualidade de vida, na medicina, por exemplo, no tratamento de doenças, além de ajudar através das ferramentas a suprirmos os desejos e necessidades de consumo. Esse conceito é unilateral e desconsidera a heterogeneidade, assim como a diversidade de usos e de interesses por trás do desenvolvimento dela.

A terceira, é a tese defendida por Lévy, segundo ele, ”a utilização intensiva das ferramentas constitui a humanidade como tal, juntamente com a linguagem e as instituições sociais complexas. Uma vez que, por trás das técnicas, agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, dentre outros”. Assim sendo, a técnica e a tecnologia são postas como elementos da sociedade, que compõe um conjunto complexo de processos sociais e culturais, pois há uma interação mútua entre elas.

Segundo Andriole, ”o conhecimento é um produto social que reflete os interesses e necessidades de uma sociedade. Na sociedade capitalista a constituição do conhecimento é determinada, tedencialmente, pela classe dominante. Tanto a construção do conhecimento como suas aplicações dependem da forma como a sociedade está organizada e de suas relações de produção”.

Embora a técnica não seja maniqueísta (nem boa e nem má), há interferência do meio social na sua utilização, acabando com uma possível neutralidade, uma vez que não está isolada da estrutura de poder da sociedade.

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