quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Homens de Cor: 100% Negro, sim Senhor.

O preconceito foi contra a cor. A escravidão foi feita através da cor. Porque a reparação teria que ser diferente? A batalha contra o preconceito étnico encontra vários entraves. A primeira, perpassa a mistificação da democracia racial brasileira. Assim, a busca pela reparação da população explorada historicamente, que ainda hoje, enfrentam problemas provenientes da discriminação racial, esbarra na desculpa da miscigenação. Como indenizar um povo misturado? Simples, para explorar ninguém se importou com os diversos povos que habitavam aquele o continente Africano, apenas escravizaram usando como critério a cor, nada mais. Ninguém procurou fazer nenhum teste de DNA para descobrir se aquele povo tinha alguma característica genética européia. Então, porque agora isso seria necessário?


Desse modo “o povo negro sofreu e sofre inenarráveis danos sociais, por causa da atuação de grupos sociais que se auto consideravam onipotentes e superiores. Assim, o poder em suas múltiplas instâncias: econômicos, militares e ideológicos, foram utilizados em detrimento dos segmentos ditos “inferiores”, isto é, os negros como instrumento, a fim de, adquirir/agregar bens em prol de uma elite branca que enxergava o Brasil como um lugar das grandes oportunidades.”


A escravidão foi feita através da segregação racial, fato. Desse modo, a reparação não deve ser feita de outro modo. Como usar testes de DNA para negar esse direito ao negro? Como usar a miscigenação? Como negar esse quadro de marginalização no mercado de trabalho, no sistema educacional, político, social e cultural dos descentes dos escravos? Antes de ser um miscigenado, o negro é um descendente dos escravos libertos.


A palavra “negro” tem conotação pejorativa. O que é alguém ser a ovelha negra da família? A coisa está preta? O lado negro de alguém? A lista negra? São exemplos adotados oficialmente para designar todos os descendentes de africanos escravizados no país.


Então, por que quando uma pessoa usa uma camisa escrita 100% Negro ninguém vê problema, mas se alguém sair na rua usando uma camisa 100% Branco será considerado racista? Simples, porque a população afrodescendente é quem precisa reafirmar a sua identidade. Mostrar que a descriminação não acabou, que os negros são as principais vítimas sociais do Brasil. Apontando que, embora, o Pelourinho seja Patrimônio Histórico da Humanidade, os açoites, hoje, são morais. E que as mazelas sofridas pelos negros não acabaram com a Lei Áurea e estão se perpetuando para os seus descentes.


Foi preciso muito coragem para estampar no peito o “Sou 100% Negro”, expondo o orgulho de sua afrodescendencia. Infelizmente, “ser negro é ser diferente, foi o europeu, que instituiu isso, com a escravidão, imposta a eles.” Para reverter esse quadro de discriminação são necessárias o uso de estratégias valorativas visando quebrar com esses estereótipos depreciativos. Então: Viva as diferenças, mas com direito de oportunidade iguais.

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