quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Coisas e pessoas, vem e vão

“Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar ou me espantei por perder. A sensação de transitoriedade de tudo é o fundamento da minha personalidade.” Assim, como Cecília Meireles, esse sentimento me acompanhava, mas quando se é jogado em uma selva e a luta pela sobrevivência começa a te matar e aqueles que você ama a morrer, o sentimento de perda faz-se presente.


Sempre tudo o que importava estava próximo, ao alcance de minhas mãos, de um lado o afago da família, do outro, a alegria e o companheirismo dos amigos, a simplicidade dos fatos, o cotidiano monótono, seguido de finais de semanas e períodos de férias eletrizantes, eram tudo, e para mim bastava.


Mas quando se é adulto, as coisas ao invés de ficarem mais sólidas começam a se desmanchar, assim como a desagradável sensação da fumaça de cigarro quando soprada em nossa cara. E o “ser ou não ser? Eis a questão”, de Shakespeare ganha todo o sentido e todas as certezas tornam-se incertas. E então, você pensa: “o que devo fazer?”. E essa sensação de ‘dever’ toma conta de todo o seu Eu, e a partir de agora você apenas deve. Deve fazer aquilo, deve ser assim, até ficar devendo a todo mundo.


Talvez, minha infância de menina sozinha tenha me dado esse monte de caraminholas, que me enlouquecem. Não entendo como pode alguém ter uma aparência tão serena com uma cabeça tão louca como a minha. O silêncio e a solidão, sempre me deram tempo para acostumar com as coisas. Essas duas áreas de minha vida eram meus contos de fábulas. Mas não podemos viver de fábulas, não é mesmo?


Então, jogada nesse mundo, muitas vezes não consigo estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, que caminham unidos como se fossem um, e criam toda essa minha inquietação, todo esse meu desespero e destemperamento.

3 comentários:

Ilha da Tesoura disse...

muito bom o seu blog.

Ilha da Tesoura disse...

sensações incriveis me rodeiam quando leio o seu blog,menina amarela. gosto muito da sua escrita, se eu escrevesse como vc, estaria hj em uma redação, não escrevendo em blog. Até pq jornalista não precisa mais de diploma. RSSS

Cintia de Souza disse...

Muito obrigada querida, pelo gesto delicado.
=))
Desejo escrever como você diz que escrevo... um dia quem sabe estarei em uma redação, ou não. Quando imagino a confusão que é ser jornalista... não sei se tenho pique para aquilo...
Pois é, infelizmente para ser jornalista não precisa de diploma...
=))