quinta-feira, 20 de maio de 2010

Igreja Católica veta reivindicações do movimento gay

Comunidade cristã tenta interferir no Plano Nacional de Direitos Humanos III para vetar direitos à homossexuais

Cíntia de Souza (cintia_utopia@hotmail.com)

O Plano Nacional de Direitos Humanos III, que tem como objetivo garantir os direitos das minorias, como crianças, deficientes, idosos, negros e homossexuais tem desagradado a Igreja Católica que em nota na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou sua “discordância, indignação ética e repudio”, principalmente aos eixos que visam garantir os direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LBGT). A Igreja em nota disse repudiar “toda a lei ou doutrina que em nome dos Direitos Humanos, destrói a família, desrespeita o direito natural e impõe o pensamento de uma minoria”.

“Na democracia governa a maioria, mas – em virtude do postulado constitucional fundamental da igualdade de todos os cidadãos – ao fazê-lo não pode oprimir a minoria”, diz o Doutor Geraldo Ataliba no livro República e Constituição.

Keila Simpson, presidenta da Articulação Nacional de Travestis, Transexuais e Transgêneros (ANTRA) questiona “como uma religião que prega o amor e a igualdade, pode pregar o preconceito e discriminação”. Lembra que a Igreja historicamente cometeu vários equívocos, como: a inquisição contra mulçumanos, judeus e pensadores; e referendou outros, como: a opressão das mulheres, a escravização de negros e índios.

Os Bispos conferencistas da CNBB que assinaram a nota justificam seu posicionamento afirmando que “diante de tantos reducionismos que consideram alguns aspectos ou dimensão do ser humano, é uma missão da Igreja anunciar uma antropologia integral”.

Contrapondo o que os Bispos consideram “antropologia integral”, os antropólogos, Laraia, Parker e Bozon em seus estudos afirmam que a cultura teria grande peso na definição de papéis sexuais. Os costumes, a família, as tradições, que levam um individuo a se comportar como homem ou mulher, e os aspectos biológicos não seria preponderante.

As Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), em nota afirmam que “o governo brasileiro deveria governar para todos os cidadãos, respeitar a laicidade do Estado e cumprir sua missão de governo, seguindo a constituição e não uma instituição religiosa”, que o Governo não deve “ajoelhar-se frente aos bispos brasileiros e dar as costas à população”.

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