terça-feira, 10 de novembro de 2009

Soudosismos: Leitura

Há muito não leio nada. Talvez desde a época que li “Com a boca na botija”, na 3ª série do jogral, que não fico tanto tempo afastada deles. Não por descuido, mas pelas coisas da vida que tem me absorvido. E essa vontade estranha de escrever que tomou conta de mim, de me mostrar em minha mais pura essência (se é que isso existe, me refiro a ‘pureza’). Me deixando ser desnuda por vocês, leitores invisíveis (ou melhor, amigos imaginários da fase adulta). Volto a falar aqui da minha penosa estada longe dos livros e da escrita. Cada leitura ou momento dedicado a escrita era a certeza do sofrimento. E meio, que displicentemente, me distanciei dessas delícias.

Mais sobre os amigos imaginários:

Sim, amigos imaginários. Talvez, você não seja tão amigo assim, e diga:

- Oras bolas, que louca!

De cá, a observa-te rirei de você, e a minha felicidade bastará como resposta.

- Como ousas? Caçoas de mim? – indigna-se.

- Não, meu meio-amigo, penso apenas que deveria experimentar ganhar asas, assim mesmo bem clichê. – respondo com um sorriso simpático tentando convencê-lo.

- Além de louca, tenta me levar ao suicídio?

- Pena, querido, se habituou a andar com os pés nos chão e, se esquecerá de dar asas à alma.

- Que asas? Que alma?

- Tudo aquilo que teima em não ver, todo o universo que há entre o ceu e o inferno.

(depois continuo a conversa, pois o trabalho me chama)




PROA

O sonho é meu pastor, nada me faltará.

Que venham as tormentas, que venha o que vier,

tenho o sonho comigo, o sonho é meu pastor.

O mundo da aparência não me engolirá.

Conheço bem suas manhas, meu ofício é interior:

girassol que é girassol tem proa pro amanhecer.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.

Com ele eu teço o mundo, reinvento a via-láctea.

Mistérios são bem-vindos, o sonho é meu pastor.

Ou eu busco a verdade ou ela não me achará.

Minha verdade, o sonho, é pomar e é brasão.

Seu universo, os versos, fio do sim e do não.

O sonho é meu pastor, nada me faltará.

Encontro nele a luz, meu alimento e cor.

Que escorra a ampulheta, o sonho é meu pastor.

(Armazém de ecos e achados - Edival Perrini)

eperrini@onda.com.br

)

Um comentário:

Devaneios baratos.. disse...

Interessante o diálogo com seu amigo imaginário....
Aquela conversa comigo e Denis aqui em casa teve uma pontinha de influência nesse seu post sobre leitura, né??

Beijo!