segunda-feira, 4 de abril de 2011

Caso reto ou oblíquo?

*por Cintia de Souza

Foi uma tristeza tão profunda. Um quase não existir. Que esse silêncio e essa inexistência tomou conta de mim, como a saliva que se funde ao mais amargo gosto de fel na garganta. O que tem a ver silêncio, inexistência, sabor e fel? É preciso experimentar o insuportável azedume da existência para compreender o imperceptível.

Submersa em mim, pelejava contra esse desconhecido Eu. A cada batalha sendo vencida pelo meu cansaço, minha dor, angústia e medo. E esse desafeto, ainda uma incógnita para mim, me foge, me escapa e me apunhala.

Caída, fui aprisionada nessa dimensão inabitada pelos homens (sens)atos. A matéria devastada, saqueada e quase despovoada, mas ainda restava uma última emoção. A escolha de matar. Como diz minha mãe: - Diante de tanta oferta é preciso saber escolher. Então tinha duas opções, poderia matar o Eu (pronome pessoal de caso reto), ou a mim (pronome pessoal de caso oblíquo). Caso reto ou oblíquo?

A frigidez dessa alma ainda não me deixou escolher qual dos casos.

*Pintura: O grito - Edvard Munch.

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