Durante a mudança para a nova casa as cartas encontraram um vazamento e se afogaram. Vi esse suicídio como um sinal. Uma súplica. O passado gritado para ser deixado para trás. Pedindo para que a água lhe apague a história das circunstâncias. Para que o pretérito remoto encontre o seu lugar e deixe espaço para a história latente.
Reunir as lembranças primeiramente pensando em queima-las. Sugeriram fazer decoupagem (colagem de cartas, jornais) nos móveis da casa. Gostei da idéia, mas o apego (temporário, vale ressaltar) fez com que tivesse outra idéia.
Diante desse momento crítico que venho passando pensei em minimizar algumas histórias do passado através dessas cartas. Tentarei curar algumas dores que tatuaram a minha alma através do compartilhamento das cartas, para que eu consiga enxergar quem fui no olhar alheio e o quanto mudei. Na esperança que em alguma delas encontre algo perdido que me ajude a encontrar uma nova direção ou que transborde tudo de uma vez para que seja possível um recomeço.
Assim, me desculpem os remetentes se essa situação os desagradarem, os nomes serão preservados, mas as histórias contadas e o meu ponto de vista atual sobre elas também. Desejo durante todo esse mês tornar pública uma carta por dia.
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